1. Rápidos avanços no campo da manipulação das componentes fundamentais dos seres vivos tornam os cientistas ainda mais responsáveis pela vida e a saúde da população => os mais importantes laboratórios que fazem pesquisa avançada no campo da bioengenharia sob controle de grandes companhias preocupadas com aplicações tecnológicas => resultados da ciência prospectam possibilidade de altos lucros para empresas que financiam as pesquisas: quem pode assegurar que tais produtos sejam benéficos para os consumidores e o meio ambiente?
2. Produtos transgênicos: benéficos ou perigosos? Apesar de considerar os benefícios da engenharia genética (capacidade de reproduzir a base dos medicamentos através de bactérias ou plantas e de poder transformar produtos convencionais em medicamentos ou realizar o seqüenciamento completo de bactérias que infestam as lavouras), Giuliani (2008), aponta três aspectos de problemas:
(I) em relação à segurança alimentar: não se sabe como funcionam as toxinas e substâncias alergênicas nos produtos modificados nem quais podem ser os efeitos destas a longo prazo e como podem afetar a cadeia alimentar;
(II) com relação ao meio ambiente: não se sabe (a) como é possível controlar a eventual criação imprevista de novas plantas e de plantas daninhas; (b) como é possível controlar a transferência de genes para parentes próximos, de maneira a não poluir outras plantações; (c) como calcular as eventuais perdas em termos de biodiversidade e controlar o desperdício de recursos biológicos; (d) como prever efeitos adversos aos diversos ciclos ecológicos.
(III) com relação aos aspectos socioeconômicos: não se sabe como limitar o poder oligopólico das empresas produtoras de sementes, a concentração de conhecimento, bem como regular a questão da propriedade intelectual e atenuar a competitividade no setor agrícola ou reduzir a fome no mundo.
Europa X EUA
3. Os transgênicos no Brasil: autonomia ou alinhamento? Projeto Genoma, Esalq/USP X leis brasileiras impõe que o cultivo de um produto geneticamente modificado seja efetuado em áreas restritas e, antes de ser liberado para produção, comércio e uso, seja monitorado pela CTNBio e seus consultores durante cinco anos para que se possa avaliar o impacto ambiental que o produto provoca.
4. As polêmicas, os entraves e as disputas no Brasil: além do plano dos debates científicos e institucionais, a luta a favor e contra a introdução dos transgênicos se dá em diferentes níveis: informação, embate político e ação jurídica => dois casos: Rio Grande de Sul e navio carregado de milho transgênico que vinha a Argentina com destino aos criadores de aves pernambucanos.
5. O homem ajuda ou combate a natureza?
6. O que fazer? Questão dos transgênicos como campo de enfrentamento entre duas concepções de ciência: suporte direto das forças produtivas X dever primordial de garantir a melhoria da qualidade de vida e do meio ambiente => quanto mais se aprofundam os conhecimentos, mais se percebe que a natureza se torna inatingível => reforma de valores:
(I) deixar de pensar que os parâmetros econômicos e o lucro das empresas são fundamentais instrumentos de avaliação de “eficiência”, ao invés da produção de bens e serviços socialmente úteis e utilização inteligente de toda força de trabalho disponível;
(II) deve tornar positivo e hegemônico o “princípio da precaução”: (a) realização de mais pesquisas; (b) controle social do poder que a indústria tem de impor seus produtos; (c) vigilância, eficiência e eficácia do Estado no sentido de assegurar a vida da população; (d) disponibilidade de informações para escolhas conscientes; (e) suspensão da produção e comercialização dos alimentos geneticamente modificados até que se tenha conhecimentos mais sólidos a respeito de seus efeitos sobre a vida dos consumidores, o meio ambiente e a biodiversidade => um problema tão grave quanto a falta de alimentos refere-se à qualidade dos produtos para nossa alimentação. Neste sentido, a batalha contra a manipulação dos alimentos deve ser conduzida para além da preocupação com a saúde, mas também da reapropriação das sensações e dos gostos em via de extinção (Europa X EUA) => experiência também pesa.
REFERÊNCIAS:
COSTA, L.F.C; FLEXOR, G; SANTOS, R. (orgs.) Mundo Rural Brasileiro. Ensaios interdisciplinares Mauad X-EDUR, Rio de Janeiro - Seropédica, 2008.
terça-feira, 10 de novembro de 2009
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário