1. Geertz (1978) chama atenção para um padrão de certas idéias que surgem com tremendo ímpeto no panorama intelectual: (I) solucionam imediatamente tantos problemas fundamentais que parecem prometer resolver todos os problemas fundamentais; (II) todos se agarram a elas como uma nova ciência positiva, ou seja, o ponto central em termos conceituais em torno do qual pode ser construído um sistema de análise abrangente; (III) a moda repentina desta grande idéia, que exclui praticamente tudo o mais por um momento, deve-se ao fato das mentes sensíveis e ativas se voltarem para sua exploração intensiva; (IV) com a familiarização, a nova idéia se torna parte do suprimento geral de conceitos teóricos, as expectativas são levadas a um maior equilíbrio quanto às suas reais utilizações, terminando sua popularidade excessiva; (V) pensadores menos bitolados fixam-se nos problemas gerados efetivamente, tentando aplicá-la e ampliá-la onde realmente se aplica e onde é possível expandi-la, desistindo quando não é possível: se foi uma idéia seminal, torna-se parte permanente e duradoura do arsenal intelectual.
2. Esse padrão pode ser observado no caso do conceito de cultura, em torno do qual surgiu o estudo da antropologia, que tenta limitar, especificar, enfocar e conter este conceito. O autor procura reduzir o conceito de cultura a uma dimensão justa que assegure sua importância continuada, propondo um conceito de cultura mais limitado, mais especializado e teoricamente mais poderoso, que substitua o “todo mais poderoso” de Tylor. Geertz (1978) destaca que, diante de uma certa difusão teórica, um conceito de cultura comprimido e não tão padronizado, mas que seja internamente coerente e com um argumento definido a propor, representa um progresso. Neste sentido, o conceito de cultura defendido pelo autor é essencialmente semiótico já que assume a cultura como as teias de significado que amarram o homem (concepção weberiana), bem como sua análise, constitutivo de uma ciência interpretativa em busca do significado. Geertz (1978) procura uma explicação através da construção de expressões enigmáticas na superfície.
3. O operacionismo teve papel importante e ainda tem certa força: para compreender o que é a ciência, deve-se ver o que os praticantes da ciência fazem e, em antropologia, os praticantes fazem etnografia. Geertz (1978) procura compreender o que é a prática da etnografia para começar a entender o que representa a análise antropológica como forma de conhecimento. Praticar etnografia é estabelecer relações, selecionar informantes, transcrever textos, levantar genealogias, mapear campos, manter um diário, entre outras práticas, mas o que define este empreendimento é o tipo de esforço intelectual que ele representa: um risco elaborado para uma descrição densa (as piscadelas comunicam de forma precisa e especial uma partícula de comportamento, um sinal de cultura e um gesto).
4. O objeto da etnografia encontra-se em uma hierarquia estratificada de estruturas significantes em termos das quais os tiques nervosos, as piscadelas, as falsas piscadelas, as imitações, os ensaios das imitações são produzidos, percebidos e interpretados, e sem as quais eles de fato não existiriam, não importa o que alguém fizesse ou não com sua própria pálpebra.
5. Geertz (1978) destaca que, nos escritos etnográficos, o que chamamos de “nossos dados” são realmente nossa própria construção das construções de outras pessoas, do que elas e seus compatriotas se propõem. Este fato está obscurecido na medida em que a maior parte do que precisamos para compreender um acontecimento particular, um ritual, um costume, uma idéia ou o que quer que seja está insinuado como informação de fundo antes da coisa em si mesma ser examinada diretamente. Isso pode levar a uma visão de que a pesquisa antropológica é uma atividade mais observadora e menos interpretativa do que ela realmente é. Desta forma, a análise antropológica é escolher entre as estruturas de significação e determinar sua base social e sua importância. A ênfase do autor é na etnografia como uma descrição densa.
6. O etnógrafo enfrenta, de fato, “uma multiplicidade de estruturas conceptuais complexas, muitas delas sobrepostas ou amarradas umas às outras, que são simultaneamente estranhas, irregulares e inexplícitas, e que ele tem que, de alguma forma, primeiro apreender e depois apresentar” (p.20). Isso acontece em todos os níveis de atividade do seu trabalho de campo: entrevistar informantes, observar rituais, deduzir os termos de parentesco, traçar as linhas de propriedade, fazer o censo doméstico, escrever seu diário. Neste sentido, fazer uma etnografia é como tentar ler um manuscrito estranho, desbotado, cheio de elipses, incoerências, emendas suspeitas e comentários tendenciosos, escrito não com os sinais convencionais do som, mas como exemplos transitórios de comportamento modelado.
7. A cultura é pública e Geertz (1978) questiona a forma em que se concebe o debate interminável dentro da antropologia sobre se a cultura é “subjetiva” ou “objetiva”. Para além do status ontológico, devemos indagar qual é a sua importância, ou seja, o que está sendo transmitido com a sua ocorrência e através de sua agência.
8. Aparentemente uma verdade óbvia, existem inúmeras formas de obscurecê-la: (I) imaginar que a cultura é uma realidade “superorgânica” autocontida, ou seja, reificá-la; (II) alegar que cultura é o padrão bruto de acontecimentos comportamentais que de fato observamos ocorrer em uma ou outra comunidade identificável, ou seja, reduzi-la; (III) afirmar que a cultura é composta de estruturas psicológicas por meio das quais os indivíduos ou grupos de indivíduos guiam seu comportamento, característica da etnociência, da análise componencial ou antropologia cognitiva, que o autor destaca como fonte principal de desordem teórica, na medida em que a cultura é tida como o que quer que seja que alguém tem que saber ou acreditar a fim de agir de uma forma aceita por seus membros. A partir desta última visão sobre cultura, sua descrição envolve a elaboração de regras sistemáticas em uma espécie de algoritmo etnográfico que tornaria possível operá-lo, passando por um nativo. Com isso um subjetivismo extremo se casa a um formalismo extremo.
9. Como trata-se de uma abordagem próxima, Geertz (1978) tenta explicitar as diferenças. Neste sentido, entende que a cultura é pública porque o significado o é na medida em que concluir que saber como piscar é piscar e saber como roubar um carneiro é fazer uma incursão aos carneiros consiste em assumir descrições superficiais por densas, revelando uma confusão tão grande como identificar as piscadelas com contrações de pálpebras ou incursões de caça aos carneiros com a caça aos animais lanígeros fora dos pastos. Desta forma, dizer que a cultura consiste em estruturas de significado socialmente estabelecidos é a mesma coisa que dizer que esse é um fenômeno psicológico, uma característica da mente, da personalidade, da estrutura cognitiva de alguém. Geertz (1978) destaca que o que impede a nós de entender corretamente o que pretendem as pessoas não é a ignorância sobre como atua a cognição, mas a falta de familiaridade com o universo imaginativo dentro do qual os seus atos são marcos determinados.
10. Como experiência pessoal, a pesquisa etnográfica remete a situar-se, negócio enervante que só é bem-sucedido parcialmente. Neste sentido, o texto antropológico como empreendimento científico consiste em tentar formular a base na qual se imagina, sempre excessivamente, estar-se situado. Geertz (1978) não procura se tornar nativo ou copiá-los, mas conversar com eles e não apenas com estranhos, o que acredita ser muito mais difícil do que se reconhece habitualmente.
11. Desta forma, o objetivo da antropologia é o alargamento do universo do discurso humano, além de outros como a instrução, a diversão, o conselho prático, o avanço moral e a descoberta da ordem natural no comportamento humano. Entretanto, o alargamento do universo do discurso humano é um objetivo ao qual o conceito de cultura semiótico se adapta especialmente bem. Como sistemas entrelaçados de signos interpretáveis (símbolos), a cultura não é um poder, mas um contexto, algo dentro do qual eles podem ser descritos de forma inteligível, descritos com densidade.
12. O autor entende a absorção da antropologia com o exótico praticamente como um artifício para deslocar o senso de familiaridade embotador com o qual o mistério da nossa própria habilidade em relacioná-los compreensivelmente uns aos outros se esconde de nós. Geertz (1978) compreende que a procura do comum em locais onde existem formas não-usuais ressalta como o grau do significado do comportamento humano varia de acordo com o padrão de vida através do qual ele é informado, ou seja, compreender a cultura de um povo expõe sua normalidade sem reduzir sua particularidade, tornando-os acessíveis na medida em que colocá-los no quadro de suas próprias banalidades dissolve sua opacidade.
13. Nada mais necessário para compreender a interpretação antropológica do que a compreensão exata do que ela se propõe a dizer (ou não) de que nossas formulações dos sistemas simbólicos de outros povos devem ser orientadas pelos atos. Assim, as descrições das culturas devem ser calculadas em termos das construções que os povos colocam através da vida que levam, a fórmula que eles usam para definir o que lhes acontece, mas são descrições antropológicas, que partem de um sistema em desenvolvimento de análise científica, sendo os antropólogos que a professam (objeto de estudo é uma coisa e o estudo é outra). Como no estudo da cultura, a análise penetra no próprio corpo do objeto: começamos com as nossas próprias interpretações do que pretendem nossos informantes, ou o que achamos que eles pretendem, e depois passamos a sistematizá-las.
14. Os textos antropológicos são interpretações de segunda e terceira mão, são ficções (algo construído ou modelado) na medida em que construir descrições orientadas pelo ator dos envolvimentos é um ato de imaginação. A antropologia existe no livro, no artigo, na conferência, na exposição do museu ou nos filmes. O convencimento deste fato envolve a compreensão de que a linha entre o modo de representação e o conteúdo substantivo é tão intraçável na análise cultural quanto na pintura.
15. Este fato parece ameaçar o status objetivo do conhecimento antropológico ao sugerir que sua fonte não a realidade social, mas um artifício erudito. Geertz (1978) qualifica esta ameaça como superficial, apesar de reconhecer sua existência. Neste sentido, a exigência de atenção em um relatório etnográfico reside no grau em que é capaz de esclarecer o que ocorre em tais lugares, para reduzir a perplexidade. Naturalmente, surgem alguns problemas de verificação ou avaliação no que se refere a diferença entre um relato melhor ou pior, mas o autor entende que essa é também sua melhor virtude, sendo que a questão é se a descrição separa as piscadelas dos tiques nervosos e as piscadelas verdadeiras das imitadas, pois não precisamos medir a irrefutabilidade de nossas explicações contra um corpo de documentação não-interpretada, descrições radicalmente superficiais, mas contra o poder da imaginação científica que nos leva ao contato com as vidas dos estranhos.
16. Geertz (1978) alerta para o perigo de uma abordagem hermética das coisas que não se preocupe com o comportamento, a não ser superficialmente, sendo a cultura tratada como sistema simbólico com o isolamento de seus elementos. Isso pode fechar a análise cultural longe do seu objetivo correto, ou seja, a lógica informal da vida real. Assim, se extrai o conceito dos defeitos do psicologismo para mergulhá-lo nos do esquematismo.
17. O autor considera que deve se atentar para o comportamento, pois é através do fluxo do comportamento, ou da ação social, que as formas culturais encontram articulação, bem como em várias espécies de artefatos e vários estados de consciência. Nestes casos, o significado emerge do papel que desempenham (seu uso) no padrão de vida decorrente. O acesso aos sistemas de símbolos “em seus próprios termos” é feito com a inspeção dos acontecimentos.
18. A coerência não pode ser o principal teste de validade de uma descrição cultural. Para o autor, nada contribui mais para desacreditar a análise cultural do que a construção de representações impecáveis de ordem formal, em cuja existência verdadeira praticamente ninguém pode acreditar. Se a interpretação antropológica constrói uma leitura do que acontece divorciá-la do que acontece é divorciá-la das suas aplicações e torná-la vazia. Neste sentido, uma boa interpretação de qualquer coisa leva-nos ao cerne do que nos propomos interpretar. Um tipo de interpretação antropológica consiste em traçar a curva de um discurso social, fixando-o numa forma inspecionável.
19. O etnógrafo “inscreve” o discurso social, o anota. Assim, o transforma de acontecimento passado, que existe apenas em seu próprio momento de ocorrência, em um relato, que existe em sua inscrição e que pode ser consultado novamente Paul Ricouer.
20. O que faz o etnógrafo? Ele observa, ele registra, ele analisa (resposta padrão), mas (I) normalmente não se torna possível distinguir essas três fases da busca de conhecimento e, como “operações” autônomas, podem nem sequer existir; (II) inscreve-se apenas uma pequena parte do discurso social que os informantes podem nos levar a compreender. Isso torna a visão da análise antropológica como manipulação conceptual dos fatos descobertos, uma reconstrução lógica de uma simples realidade, parecer um tanto incompleta na medida em que se pretende como uma ciência que não existe, imaginando uma realidade que não pode ser encontrada. Desta forma, a análise cultural remete a uma adivinhação dos significados, uma avaliação das conjeturas, um traçar de conclusões explanatórias a partir das melhores conjeturas e não a descoberta do Continente dos Significados e o mapeamento da sua paisagem incorpórea.
21. Geertz (1978) aponta quatro características da descrição etnográfica: (I) interpretativa; (II) interpreta o fluxo do discurso social; (III) esta interpretação consiste em tentar salvar o “dito” num tal discurso da sua possibilidade de extinguir-se e fixá-lo em formas pesquisáveis; (IV) microscópica. O antropólogo aborda caracteristicamente tais interpretações mais amplas e análises mais abstratas a partir de um conhecimento muito extensivo de assuntos extremamente pequenos. O antropólogo confronta realidades como poder, mudança, fé, opressão, trabalho, paixão, autoridade, beleza, violência, amor, prestígio em contextos muito obscuros, sendo essa a vantagem na medida em que existem muitas profundidades suficientes no mundo. Entretanto, um importante problema metodológico está em como retirar de uma coleção de miniaturas etnográficas (um conjunto de observações e anedotas) uma ampla paisagem cultural da nação, da época, do continente ou da civilização. Isso não se faz facilmente passando por cima com vagas alusões às virtudes do concreto e da mente comum.
22. Geertz (1978) aponta como falácias dois modelos elaborados por antropólogos para justificar a mudança de verdades locais para visões gerais: (I) modelo “microcósmico” e sua noção de que se pode encontrar a essência de sociedades nacionais, civilizações, grandes religiões ou o que quer que seja, resumida e simplificada nas pequenas cidades e aldeias típicas, constituindo um absurdo vsível, pois o lócus do estudo não é o objeto de estado e (II) modelo “experimento natural” e a noção de que os dados obtidos com estudos etnográficos são mais puros, ou mais fundamentais, ou mais sólidos, ou menos condicionados do que aqueles conseguidos através de outras espécies de pesquisa social, quando os achados etnográficos não são privilegiados, apenas particulares, sendo que qualquer coisa mais que isso distorce suas implicações para a teoria social.
23. O que importa é a especificidade complexa, sua circunstancialidade. Essa espécie de material produzido por um trabalho de campo quase obsessivo de peneiramento, a longo prazo, principalmente qualitativo (mas não exclusivamente), altamente participante e realizado em contextos confinados que os megaconceitos das ciências sociais contemporâneas (legitimidade, modernização, integração, conflito, carisma, estrutura, significado) podem adquirir toda espécie de atualidade sensível que possibilita pensar não apenas realista e concretamente sobre eles, mas também criativa e imaginativamente com eles.
24. O problema metodológico apresentado pela natureza microscópica da etnografia são reais e críticos e deverá ser solucionado através da compreensão de que as ações sociais são comentários a respeito de mais do que elas mesmas. Neste sentido, fatos pequenos podem se relacionar a grandes temas, as piscadelas à epistemologia, ou incursões aos carneiros à revolução, por que eles são levados a isso.
25. Geertz (1978) vai à teoria para enfatizar que o pecado obstruidor das abordagens interpretativas é a sua tendência a resistir à articulação conceptual, escapando a modos de avaliação sistemáticos ao ser apresentada como autovalidante ou validade pelas sensibilidades supostamente desenvolvidas da pessoa que a apresenta. Neste sentido, o autor destaca que estamos reduzidos a insinuar teorias porque nos falta o poder de expressá-las.
26. Uma série de características de interpretação cultural tornam mais difícil seu desenvolvimento teórico: (I) a necessidade da teoria se conservar mais próxima do terreno do que parece ser o caso em ciências mais capazes de se abandonarem a uma abstração imaginativa, esta necessidade de apreender e analisar é tão grande como irremovível e quanto mais longe vai o desenvolvimento teórico, mais profunda se torna a tensão, a primeira condição para uma teoria cultural é que não é seu próprio dono, tendo em vista que a liberdade de se modelar em termos de uma lógica interna é muito limitada; (II) a peculiaridade de crescer aos arrancos, pois a análise cultural separa-se em uma seqüência desconexa e coerente de incursões cada vez mais audaciosas, com estudos melhor informados e melhor conceitualizados, que mergulham mais profundamente nas mesmas coisas, começando com um desvio inicial e terminando onde consegue chegar antes de exaurir seu impulso intelectual, o movimento parte de um tateio desajeitado pela compreensão mais elementar para uma alegação comprovada de que alguém a alcançou e a superou.
27. Por isso, o ensaio parece ser o gênero natural no qual apresentar as interpretações culturais e as teorias que as sustentam e porque, se alguém procura tratados sistemáticos na área, logo se desaponta, principalmente se encontra algum. Em etnografia, o dever da teoria é fornecer um vocabulário no qual possa ser expresso o que o ato simbólico tem a dizer sobre ele mesmo, sobre o papel da cultura na vida humana.
28. O objetivo da etnografia é tirar grandes conclusões a partir de fatos pequenos, mas densamente entrelaçados, além de apoiar amplas afirmativas sobre o papel da cultura na construção da vida coletiva empenhando-as exatamente em especificações complexas. Neste sentido, o conflito social acontece quando formas como as piscadelas imitadas são pressionadas por situações não-usuais ou intenções não-habituais de operar formas não-usuais. Trata-se de um “recado numa garrafa”, um argumento que tenta remodelar o padrão das relações sociais reordenando as coordenadas do mundo experimentado, sendo que as formas da sociedade constituem a substância da cultura.
29. A análise cultural é intrinsecamente incompleta e quanto mais profunda, menos completa. É uma ciência estranha, cujas afirmativas mais marcantes são as de base mais trêmulas, na qual chegar a qualquer lugar com um assunto enfocado é intensificar a suspeita (própria e dos outros), de que você não o está encarando de maneira correta. Essa é a vida do etnógrafo, além de perseguir pessoas sutis com perguntas obtusas.
30. O comprometimento com um conceito semiótico de cultura e uma abordagem interpretativa de seu estudo é um compromisso com uma visão afirmativa etnográfica como “essencialmente contestável”. A antropologia é uma ciência cujo progresso é marcado menos por uma perfeição de consenso do que por um refinamento do debate: leva a melhor a precisão com que nos irritamos uns com os outros. Não há conclusões a serem apresentadas, apenas uma discussão a ser sustentada.
31. A posição de Geertz (1978) é tentar resistir ao subjetivismo, de um lado, e ao cabalismo, de outro. Trata-se de uma tentativa de manter a análise das formas simbólicas tão estreitamente ligadas quanto possível aos acontecimentos sociais e ocasiões concretas do mundo público da vida comum, organizando-as de tal forma que as conexões entre formulações teóricas e interpretações descritivas não sejam obscurecidas por apelos às ciências negras (mágicas). Para o autor, nada concorrerá mais para o descrédito de uma abordagem semiótica da cultura do que permitir que ela deslize para uma combinação de intuição e alquimia, não importa quão elegantemente se expressem essas intuições ou quão moderna a alquimia se apresente. Neste sentido, o autor é contrário à transformação da análise cultural em esteticismo sociológico por meio do treinamento de tais análises em relação a tais realidades e necessidades.
32. Olhar as dimensões simbólicas da ação social (arte, religião, ideologia, ciência, lei, moralidade, senso comum) é mergulhar no meio delas. Desta forma, a vocação da antropologia interpretativa é colocar à disposição as respostas que outros deram e, assim, incluí-las no registro de consultas sobre o que o homem falou.
REFERÊNCIA:
GEERTZ, Clifford. A interpretação das culturas. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1978
(Cap 1.: pp.13-41).
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6 comentários:
Que bonito!
Caro Marcelo,
Muito obrigada por partilhar seu fichamento. Acabo de ler o primeiro capítulo de Geertz e usei seu fichamento para blogar e pensar alto, espero que não decida excluir seu blog, please, porque senão meus links ficarão totalmente ainda mais sem sentido, principalmente pra mim.
Abraços!
http://midiasocial.wordpress.com/2010/11/12/geertz-a-busca-de-um-artigo-cientifico/
INFELIZMENTE PERDI A AULA ONDE MEU PROFESSOR DE ANTROPOLOGIA DAQUI DE NAVIRAÍ MS, EXPÔS A FALA SOBRE GEERTZ, AGORA COM SEU FICHAMENTO ENTENDI MUITO BEM. GRACIAS. VOU ATRAVÉS DELE ESTUDAR PARA MINHA PROVA
Muito bom seu fichamento. Parabéns!
Obrigada por compartilhar!
Ajudou a aclarar as ideias!
Abç, Gisele
Ótima analise, ajudou muito.
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