domingo, 17 de junho de 2012

Fragmentos tecnológicos na política #1


O surgimento da internet pode ser datado no final dos anos 1960. Buscando fazer um esboço histórico da internet, Castells (2003) destaca as trocas de informações entre um pequeno círculo de cientistas da computação ligados ao Departamento de Defesa norte-americano no final dos anos 1960. Daí, se seguiu a formação de uma rede de comunicação por computador e as primeiras comunidades reunindo cientistas e hackers no final dos anos 1970, em grande parte como conseqüência, ou sob influência, dos movimentos de contra-cultura. No entanto, o autor assinala que, para a sociedade em geral, a internet nasceu em 1995: privatizada e com uma arquitetura técnica aberta que permitia a interconexão das redes de computadores em qualquer lugar do mundo. Neste ano, a internet foi descoberta pela Microsoft, que começou a comercializar o software de navegação Internet Explorer, na esteira do sucesso comercial do Navigator, lançado no final de 1994 pela Netscape Communications. Neste mesmo ano, a Sun Microsystems apresentou a linguagem de programação Java.
 Porém, é a partir de meados dos anos 1990 que sua difusão permanente, progressiva, global e desigual passa a constituir um fenômeno, em constante mudança, que marca e caracteriza as sociedades contemporâneas. Nos últimos 20 anos, ao transformar as formas de comunicação, a internet vem afetando profundamente a vida cotidiana, bem como os ambientes econômicos, políticos, sociais e culturais.
A internet pode ser entendida como um conjunto de numerosas tecnologias, práticas e contextos que são usadas, entendidas e assimiladas por diversas pessoas em algum lugar em particular. Ao entenderem que a internet envolve muitas e diferentes tecnologias, práticas e contextos, Miller & Slater (2000) defendem um olhar tanto para traços múltiplos e específicos de agentes que criam relacionamentos, quanto para a tecnologia como um componente ativo. Nesta perspectiva, o ponto de partida é a forma pela qual uma tecnologia de comunicação pode ser encontrada ou se encontra enraizada em algum lugar.  
Com isso, os e-mails, sites, blogs, bem como plataformas como Facebook, Twitter, Google, entre outras, configuram diferentes conjuntos que associam tecnologias, práticas e contextos, articulados em uma arquitetura de rede, que se convencionou chamar de internet. Considerando a globalização do tempo-espaço (GIDDENS, 1991), o fenômeno de difusão da internet reflete a emergência de uma “complexa dialética pela qual a especificidade é um produto da generalidade e vice-versa” (MILLER & SLATER, 2000, p.7).
As pessoas transformam continuamente a internet por meio dos diversos usos que fazem dela ao se engajarem nas suas tecnologias. Assim, ainda que estas tecnologias configurem uma rede de comunicação global, Castells (2003, p. 12) assinala que “seu uso e sua realidade em evolução são produto da ação humana sob as condições específicas da história”.



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