O surgimento da
internet pode ser datado no final dos anos 1960. Buscando fazer um esboço histórico da internet, Castells (2003)
destaca as trocas de informações entre um pequeno círculo de cientistas da
computação ligados ao Departamento de Defesa norte-americano no final dos anos
1960. Daí, se seguiu a formação de uma rede de comunicação por computador e as
primeiras comunidades reunindo cientistas e hackers
no final dos anos 1970, em grande parte como conseqüência, ou sob influência,
dos movimentos de contra-cultura. No entanto, o autor assinala que, para a
sociedade em geral, a internet nasceu em 1995: privatizada e com uma
arquitetura técnica aberta que permitia a interconexão das redes de
computadores em qualquer lugar do mundo. Neste ano, a internet foi descoberta
pela Microsoft, que começou a
comercializar o software de navegação
Internet Explorer, na esteira do
sucesso comercial do Navigator,
lançado no final de 1994 pela Netscape
Communications. Neste mesmo ano, a Sun
Microsystems apresentou a linguagem de programação Java.
Porém, é a partir de meados dos anos 1990 que sua difusão permanente,
progressiva, global e desigual passa a constituir um fenômeno, em constante
mudança, que marca e caracteriza as sociedades contemporâneas. Nos últimos 20
anos, ao transformar as formas de comunicação, a internet vem afetando
profundamente a vida cotidiana, bem como os ambientes econômicos, políticos,
sociais e culturais.
A internet pode
ser entendida como um conjunto de numerosas tecnologias, práticas e contextos
que são usadas, entendidas e assimiladas por diversas pessoas em algum lugar em
particular. Ao entenderem que a internet envolve muitas e diferentes
tecnologias, práticas e contextos, Miller & Slater (2000) defendem um olhar
tanto para traços múltiplos e específicos de agentes que criam relacionamentos,
quanto para a tecnologia como um componente ativo. Nesta perspectiva, o ponto de
partida é a forma pela qual uma tecnologia de comunicação pode ser encontrada
ou se encontra enraizada em algum lugar.
Com isso, os e-mails, sites, blogs, bem como plataformas como Facebook, Twitter, Google, entre
outras, configuram diferentes conjuntos que associam tecnologias, práticas e
contextos, articulados em uma arquitetura de rede, que se convencionou chamar de
internet. Considerando a globalização do tempo-espaço (GIDDENS, 1991), o
fenômeno de difusão da internet reflete a emergência de uma “complexa dialética
pela qual a especificidade é um produto da generalidade e vice-versa” (MILLER
& SLATER, 2000, p.7).
As pessoas
transformam continuamente a internet por meio dos diversos usos que fazem dela ao
se engajarem nas suas tecnologias. Assim, ainda que estas tecnologias configurem
uma rede de comunicação global, Castells (2003, p. 12) assinala que “seu uso e
sua realidade em evolução são produto da ação humana sob as condições
específicas da história”.
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