quarta-feira, 14 de março de 2012

Marcelo Freixo, prefeito do Rio: é possível!

No sábado passado, me animei com uma notícia: Marcelo Freixo confirmou sua pré-candidatura à Prefeitura do Município do Rio de Janeiro, em uma dobradinha com outro Marcelo, o Yuka. Trata-se de uma provável futura candidatura “puro sangue” do PSOL, um partido que pode ser considerado “pequeno” e sem muitos recursos financeiros.

Os Marcelos devem disputar as eleições contra dois “grandes” blocos de partidos, um deles capitaneado pelo atual prefeito e outro pela união de filhotes de dois seres que já sujaram bastante a “cidade maravilhosa”. Estes dois blocos remetem a uma extensa rede de partidos e de mobilização de recursos financeiros, em especial de origem corporativa, que cobram uma gorda fatura durante o exercício dos mandatos.

Longe da óbvia analogia com a luta entre Davi e Golias, quase um pleonasmo neste caso, ou mesmo de uma análise política profunda acerca da conjuntura política municipal, neste breve post quero me concentrar no que me animou ao saber desta boa nova.

Primeiro, acredito que a candidatura dos Marcelos pode representar uma alternativa de voto nestas eleições para muitos que, como eu, certamente anulariam seu voto se as opções ficassem limitadas as duas alternativas que se apresentaram até então.

Minha maior esperança com esta candidatura é a possibilidade de democratização das políticas públicas em um governo que seja capaz de promover espaços de diálogo com a sociedade em diferentes esferas e escalas. Além disso, nutro uma expectativa acerca de maior transparência na utilização dos recursos financeiros do município, em especial no que diz respeito à Copa do Mundo e Olimpíadas, o que não parece estar nos planos da atual gestão da cidade.

Em segundo lugar, os Marcelos podem mostrar possibilidades e limites que a solidariedade e as redes sociais, em especial com a internet, podem desempenhar no cenário político. Falo isso, pois participei voluntariamente da primeira campanha de Freixo para deputado estadual, em 2006, quando ele reuniu em torno de 13 mil votos, com apoio de voluntários, poucos recursos e praticamente sem tempo de televisão. Lembro que foi o deputado estadual eleito com menos votos naquele pleito. Naquela época, não usava qualquer rede pela internet, aliás nem tinha conta no Orkut, Facebook ou Twitter.

Em 2010, em sua segunda candidatura para Deputado Estadual, Freixo obteve em torno de 180 mil votos. Os recursos continuavam escassos, mas pelo trabalho desenvolvido em quatro anos, aumentaram as pessoas e grupos que estavam engajados e dispostos para mobilizar em prol de sua campanha.

Além de mobilizarem suas redes de contatos pessoais, estes grupos engajados utilizaram suas redes sociais na internet — termo pelo qual me refiro a Facebook, Twitter, Orkut, e hoje em dia também Tumblr, Pinterest, entre tantas outras plataformas que surgem — como espaço de campanha política. Naquele ano, estas redes já estavam enraizadas no cotidiano de boa parte dos brasileiros, tendo desempenhado um papel importante nas eleições, tanto nas majoritárias, quanto nas proporcionais, como parece ter sido o caso na campanha de Freixo.

Não quero dizer que sem a internet, Freixo não teria sido eleito, mas certamente foi uma forma de se comunicar com mais eleitores e conseguir uma votação muito maior do que se esperava antes do início da campanha.

Assim, estamos em vias de acompanhar uma disputa que coloca, de um lado, duas candidaturas que trarão nada de novo, cada qual sustentada por uma ampla aliança de partidos já estabelecidos, que mobilizam recursos do poder econômico, pagando por seus militantes e usando manjadas estratégias de campanha; e, de outro, a possibilidade de uma campanha baseada em laços de solidariedade e na mobilização de redes sociais, na qual a internet pode aparecer como um elemento importante, como forma dos Marcelos fazerem um contraponto ao poder econômico.

Se deste contraponto pode sair uma candidatura vitoriosa, isso vai depender muito da capacidade de abrir possibilidades para o engajamento de pessoas que se empolguem e consigam agregar mais pessoas nas várias frentes de uma campanha diferente, que aproveite o potencial de cada um que queira agir em prol de uma cidade mais democrática, transparente e justa daqui pra frente.

Estamos próximos da largada! De que lado você está?