Nesta tarde, estou apreciando as codifcações de grupos focais sobre beneficiários de projetos de Organizações Não Governamentais, parte qualitativa da pesquisa "Estado, Sociedade e Mercado na Redução das Desigualdades", do GESOC, NEPP-DH/UFRJ. Começaremos amanhã o processo de categorização.
Quem acha que análise qualitativa de dados é "moleza", talvez não tenha feito (ou imaginado) mais do que aquilo que Bardin (1977) denomina "leitura flutuante" em uma análise de conteúdo de tipo categorial...
Mas acho que tem mais "caroço neste angu". Logo, algumas questões podem nos trazer pistas metodológicas para análises mais consistentes:
1) Que metodologias de análise de dados qualitativos os cientistas sociais utilizam?
2) Os softwares existentes neste segmento são tão eficientes quanto aqueles utilizados em análises quantitativas?
Para quem quiser compartilhar experiências (bem-sucedidas ou não), fique a vontade.
Particularmente, tentei adotar uma análise de conteúdo de tipo categorial (Bardin, 1977) sobre os dados que aferi/coletei em uma observação participante que configurou uma etnografia. Foi uma opção, digamos, mais sistemática do que a possibilidade mais aberta defendida por Foote-White em seu clássico "Sociedade de Esquina". No entanto, fiquei extremamente satisfeito com os resultados.
Logo, cabe perguntar: alguém tem sugestões de outras técnicas de análise de conteúdo? Para Bardin (1977), a análise de conteúdo pode ser (a) de tipo categorial; (b) de enunciação; (c) do discurso; (d) de avaliação; (e) da expressão; (f) das relações.
O que me chama mais atenção é que essa questão metodológica não parece ser trabalhada como parte do conteúdo que as pós-graduações em ciências sociais como sendo "obrigatório" (como geralmente são definidas as cadeiras de metodologia), seja com a apresentação (e treinamento) dos softwares, seja com o entendimento da técnica em si.
Por fim, trago mais uma questão:
3) Quem já trabalhou com essas técnicas de análise qualitativa como parte do conteúdo de uma disciplina metodológica em pós da área de ciências sociais, seja como docente ou como discente?
Particularmente, foi a partir de uma sugestão da minha orientadora de mestrado, a Profa. Fátima Portilho, que me fez adotar a técnica desenvolvida por Bardin (1977). No entanto, mediante a grande utilização de entrevistas em profundidade, por exemplo, como técnica de coleta de dados na área de ciências sociais, penso que mestrandos (e até doutorandos) deveriam receber uma orientação metodológica mínima neste sentido, ou seja, apontando as possibildades disponíveis, ao invés disso ficar restrito ao terreno da relação orientandor-orientando.
Bem, pelo menos foi assim que aconteceu comigo.
E com vocês, foi diferente?
Fiquei curioso.
Agora, vou lá analisar as codificações "da vez", ao menos enquanto ainda não me deparei nem fui treinado em um software confiável. Quem sabe o NVIVO, depois do mini-curso que vai rolar no Congresso Brasileiro de Sociologia, em julho, Curitiba/PR?
Ah! A referência da Bardin:
Bardin, L. (1977). Análise de Conteúdo. Lisboa, Portugal: Edições 70
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