Os Marcelos devem disputar as eleições contra
dois “grandes” blocos de partidos, um deles capitaneado pelo atual prefeito e
outro pela união de filhotes de dois seres que já sujaram bastante a “cidade
maravilhosa”. Estes dois blocos remetem a uma extensa rede de partidos e de mobilização
de recursos financeiros, em especial de origem corporativa, que cobram uma
gorda fatura durante o exercício dos mandatos.
Longe da óbvia analogia com a luta entre Davi e
Golias, quase um pleonasmo neste caso, ou mesmo de uma análise política
profunda acerca da conjuntura política municipal, neste breve post quero me
concentrar no que me animou ao saber desta boa nova.
Primeiro, acredito que a candidatura dos
Marcelos pode representar uma alternativa de voto nestas eleições para muitos
que, como eu, certamente anulariam seu voto se as opções ficassem limitadas as
duas alternativas que se apresentaram até então.
Minha maior esperança com esta candidatura é a
possibilidade de democratização das políticas públicas em um governo que seja
capaz de promover espaços de diálogo com a sociedade em diferentes esferas e
escalas. Além disso, nutro uma expectativa acerca de maior transparência na
utilização dos recursos financeiros do município, em especial no que diz
respeito à Copa do Mundo e Olimpíadas, o que não parece estar nos planos da
atual gestão da cidade.
Em segundo lugar, os Marcelos podem mostrar possibilidades
e limites que a solidariedade e as redes sociais, em especial com a internet,
podem desempenhar no cenário político. Falo isso, pois participei voluntariamente
da primeira campanha de Freixo para deputado estadual, em 2006, quando ele
reuniu em torno de 13 mil votos, com apoio de voluntários, poucos recursos e
praticamente sem tempo de televisão. Lembro que foi o deputado estadual eleito com
menos votos naquele pleito. Naquela época, não usava qualquer rede pela
internet, aliás nem tinha conta no Orkut, Facebook ou Twitter.
Em 2010, em sua segunda candidatura para
Deputado Estadual, Freixo obteve em torno de 180 mil votos. Os recursos
continuavam escassos, mas pelo trabalho desenvolvido em quatro anos, aumentaram
as pessoas e grupos que estavam engajados e dispostos para mobilizar em prol de
sua campanha.
Além de mobilizarem suas redes de contatos
pessoais, estes grupos engajados utilizaram suas redes sociais na internet —
termo pelo qual me refiro a Facebook, Twitter, Orkut, e hoje em dia também Tumblr,
Pinterest, entre tantas outras plataformas que surgem — como espaço de campanha
política. Naquele ano, estas redes já estavam enraizadas no cotidiano de boa
parte dos brasileiros, tendo desempenhado um papel importante nas eleições,
tanto nas majoritárias, quanto nas proporcionais, como parece ter sido o caso
na campanha de Freixo.
Não quero dizer que sem a internet, Freixo não
teria sido eleito, mas certamente foi uma forma de se comunicar com mais
eleitores e conseguir uma votação muito maior do que se esperava antes do
início da campanha.
Assim, estamos em vias de acompanhar uma
disputa que coloca, de um lado, duas candidaturas que trarão nada de novo, cada
qual sustentada por uma ampla aliança de partidos já estabelecidos, que
mobilizam recursos do poder econômico, pagando por seus militantes e usando manjadas
estratégias de campanha; e, de outro, a possibilidade de uma campanha baseada
em laços de solidariedade e na mobilização de redes sociais, na qual a internet
pode aparecer como um elemento importante, como forma dos Marcelos fazerem um
contraponto ao poder econômico.
Se deste contraponto pode sair uma candidatura
vitoriosa, isso vai depender muito da capacidade de abrir possibilidades para o
engajamento de pessoas que se empolguem e consigam agregar mais pessoas nas
várias frentes de uma campanha diferente, que aproveite o potencial de cada um que
queira agir em prol de uma cidade mais democrática, transparente e justa daqui
pra frente.
Estamos próximos da largada! De que lado você
está?