quinta-feira, 14 de abril de 2011

Alguns pontos sobre construção do objeto de pesquisa sociológica em Pierre Bourdieu, um esquema...

1. Construção do objeto não é possível sem abandonar a busca (1) pelos objetos pré-construídos, (2) pelos fatos sociais separados, percebidos e nomeados pela sociologia espontânea, e (3) problemas sociais. Na nota 5, o autor distingue “realidade social” de “realidade sociológica”. Na nota 6, destaca a permeabilidade de estudos dos meios modernos de comunicação às problemáticas/esquemas da sociologia espontânea à OBJETO CIENTÍFICO: novo sentido – designações específicas – novos objetos à novas relações entre os aspectos das “coisas” (primeiro grau da ruptura epistemológica).
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      2. OBJETO DE PESQUISA à problemática teórica: submete a uma interrogação sistemática os aspectos da realidade colocados em relação entre si pela questão que lhe é formulada (p. 48).
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      3. Noção de vigilância epistemológica: explicitação metódica das problemáticas e princípios de construção do objeto à sem isso, riscos (p. 51).
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      4. Hipóteses e pressupostos são construídos com base em teoria. Isso implica em uma metodologia, ou seja, mais do que preceitos tecnológicos, trata-se de escolher entre técnicas em referência à significação epistemológica do tratamento a que será submetido, pelas técnicas escolhidas, o objeto e a significação teórica das questões que se pretende formular ao objeto ao qual são aplicadas (p. 53) à Exemplo da estatística: o que ela diz? O que pode dizer? Dentro de quais limites e sob quais condições?
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       5. As técnicas de pesquisa são técnicas de sociabilidade: o que significa ser epistemologicamente neutro (diferente de axiologicamente neutro)? Não há perguntas neutras, logo submeter suas próprias interrogações à interrogação sociológica à falsa neutralidade das técnicas, objeto construído: sempre que o sociólogo for inconsciente em relação à problemática implicada em suas perguntas passará pela privação de compreender a problemática que os sujeitos implicam em suas respostas (p. 56-7) à escolhas epistemológicas tem relação com uma teoria do objeto: toda taxonomia implica uma teoria (p. 60-1).
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      6. Para se libertar das pré-construções da linguagem: instaurar uma dialética que leva às construções adequadas pelo confronto metódico de 2 sistemas de pré-construções à MEIO DE CONTROLE CONTÍNUO (do sentido das perguntas formuladas, das categorias de análise e interpretação das respostas, NOTA 23).
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      7. Restituir à observação metódica e sistemática seu primado epistemológico (p. 58).
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      8. Uso da analogia: modelo “como se”, recurso aos modelos como vigilância constante (exemplo de Weber: tipo ideal não é modelo, mas elemento de um grupo de transformações, constituindo um caso privilegiado à paralelo com Elias) à na sociologia: constitui objeto por comparação: (1) multiplicar hipóteses de analogias possíveis, para construir a família de casos que justifique o caso considerado; (2) servir-se da hipótese de analogias de estrutura entre fenômenos sociais e já formalizados por outras ciências à forma legítima de comparação: (1) instrumento privilegiado de corte com dados pré-construídos; (2) construção hipotética de relações com relações.          
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      9. Modelo como sistema de relações entre propriedades selecionadas: descrição, explicação, previsão (p. 68) à modelos analógicos, baseado nas relações ou semelhanças que indicam as relações (p. 69) à valor dos modelos resulta dos princípios de sua construção, não de seu grau de formalização: a evidência é sempre inimiga do rigor (p. 70) à trabalho de abstração é único capaz de destruir semelhanças aparentes para construir analogias ocultas (p. 71)
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      10. Analogia envolve: (1) renunciar a encontrar nos dados da intuição sensível o princípio capaz de unificá-los realmente; (2) submeter as realidades comparadas a um tratamento que as torne identicamente disponíveis para a comparação à entre 2 sistemas de relações inteligíveis (objetos conquistados X aparências imediatas) construídos por uma elaboração metódica (p. 71) à modelo é reconhecido pelo poder de ruptura e generalização, trata-se da depuração formal das relações entre as relações que definem objetos construídos, podendo ser transposto para ordens de realidade diferentes, sugerindo (por analogia) novas analogias.
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      11. Construção teórica é definida pela (1) rigor na ordem da prova e (2) fecundidade na ordem da invenção à “metáforas científicas”, “teorias em miniatura”: (1) gramáticas generativas de esquemas transponíveis: princípio de indagações e questionamentos indefinidamente renováveis; (2) realizações sistemáticas de um sistema de relações reificadas (ou a serem verificadas): obrigam a proceder a uma verificação que é sistemática; (3) produtos conscientes de um distanciamento em relação à realidade: voltam sempre à realidade e permitem medir em relação com essa realidade as PROPRIEDADES que (em virtude unicamente de sua irrealidade) acabam sendo colocadas em completa evidência, por DEDUÇÃO à NOTA 48 (educação do espírito científico nas ciências sociais).


     REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA: BOURDIEU, Pierre. A construção do objeto. In: BOURDIEU, Pierre; CHAMBOREDON, Jean-Claude; PASSERON, Jean-Claude. A profissão de sociólogo. Petrópolis: Vozes, 1999.